quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Cliques

A experiência estética que escolhi compartilhar é a de ser fotografada. Não alguma situação específica mas a sensação de todas as vezes em que os cliques da câmera me mostram uma nova perspectiva, uma nova realidade.
Lamento não ser uma experiência tão interessante ou tão bonita quanto outras que possam ter vivido, mas a subjetividade dessa, pra mim, é tão intensa que se eu abordasse outro assunto estaria anulando uma experiência contínua na minha vida que dá sentido à minha realidade.
Às vezes sou mãe, sou filha, sou namorada, sou a amiga, sou mulher, sou menina. Cada personagem que sou me dá novo fôlego, me mostra uma nova perspectiva de realidade, de pensamentos, de ações. Cada personagem sou menos eu e mais envolvimento, penso menos em mim e mais no momento.
Momento vivo e presente que revivo a cada trabalho, uma nova experiência que não se limita ao presente finito, mas ao presente eterno em pensamento e sentimento.
A luz montada clareia a vontade de ser, de viver. 
A imaginação flutua nos poucos segundos de espera.
Então conexão entre os companheiros de trabalho vai acontecendo e a cada sussurro ou grito tenho mais atenção e foco para que o corpo obedeça e a mente flutue até um lugar de onde não vai voltar até a sessão acabar.
Em cada movimento o sentimento esmaga a razão petrificada sem a consciência de que a fez. 
Cada clique a realidade muda, o clique é a chave, o clique é o clímax, o clique traz vida, o clique exige vida.
Enfim o corpo exausto, a mente regozijando a beleza não visual da experiência vivida e a satisfação que invade a alma.
O que resta após as luzes serem apagadas, os fios recolhidos, a maquiagem tirada, o figurino desmontado e as companhias  distantes é a conversa com o eu e o novo eu.






Gabriella Albino

Nenhum comentário:

Postar um comentário