quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por Trás da Coxia


 Acredito que para toda bailarina, seu primeiro solo tem um significado especial, e esperar pelo grande momento é onde, para mim, há a maior mistura de sentimentos. A ansiedade e o nervosismo se misturam com a empolgação e alegria, a inquietação surge com a tensão da cobrança, não dos outros e sim de nós mesmas. 
 A preparação é gostosa, todos se aquecem, alongam, relembram detalhes que podem não ter ficado tão claro, alguns passos, alguns saltos, e várias piruetas. As pessoas se unem e tentam transmitir confiança umas as outras, desejam: "merda!" 
 Roupas e maquiagens já certas, últimos arranjos feitos, tudo pronto! Pronto para o tão esperado espetáculo, pronto para mostrar o resultado dos mil ensaios durante o ano, da dedicação de cada um, de não desistir do que podia parecer muito difícil e treinar até vencer a si próprio.  
 Começa o espetáculo, e de trás da coxia você acompanha alguma coisa, vibra com a apresentação de cada um, como se fosse sua. Quando chega sua vez, o coração está a mil… entra no palco! Todas aquelas luzes em você se tornam uma experiência estética única. Olhar para platéia se torna o mais difícil, mas também não se vê muita coisa, mesmo assim não há como deixar sentir que todos ali estão com a atenção voltada a você, concentração… a dança apenas flui, é como se seu corpo estivesse domado, com alguns minutos já se lembra somente do prazer. E então, missão comprida! Terminar sem nenhum erro, ou pelo menos não notável, fornece a sensação de satisfação e dever comprido. 



Ana Laura Garcia


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