quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vazios e sombras


Confesso que quando penso em uma experiência estética não me vem a mente de imediato algo com contornos bem definidos. Estaria mentindo, ou talvez exagerando, se falasse de uma maior experiência estética. Elas tem uma certa presença intermitente na minha vida e sua natureza aparentemente aleatória ainda é um mistério.

Me lembro, a pouco tempo, de ter me emocionado observando de longe um apartamento vazio, que, por algum motivo, parecia expressar o vazio que todos em algum momento sentimos. É difícil expressar o que me tocou naquela imagem, posta dessa maneira simplista corre o risco de parecer trivial. Talvez não seja tanto o prédio em si, mas meu olhar naquele momento, que permitiu que ele comunicasse comigo daquela maneira. Havia ali uma forca da luz, compondo uma atmosfera, desenhando as sombras e alterando o contraste das cores provocando sensações de natureza misteriosa.

No cinema apenas impressão de luz e sombra dos objetos na película nos permite projetar as imagens mesmo depois dos cenários desfeitos, a memória opera de maneira semelhante.
O que me emocionou no predio não só no vazio, mas na ausência que esse vazio pressupõe. 


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